Berlim, Alemanha – 10 de novembro de 2025
O político moçambicano Venâncio Mondlane declarou nesta segunda-feira, durante o World Liberty Congress (WLC) realizado em Berlim, que possuía meios e condições para assumir o poder pela força em Moçambique, mas preferiu seguir o caminho da paz e da democracia.
“Tínhamos todas as condições para reagir, mas optámos por não recorrer à força. A nossa luta é pela democracia e pelo respeito ao voto do cidadão”, afirmou Mondlane, durante o seu discurso no congresso, que reuniu líderes políticos e ativistas de diversos países.
A declaração de Mondlane gerou ampla repercussão nas redes sociais e nos meios de comunicação moçambicanos, despertando debates sobre o atual cenário político do país e os desafios da oposição após as últimas eleições.
O contexto da afirmação
Venâncio Mondlane, líder do partido Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (ANAMOLA), tem sido uma das figuras mais ativas da oposição moçambicana. Conhecido por seu discurso direto e postura firme, o político tem denunciado alegadas irregularidades eleitorais e falta de transparência nos processos democráticos.
Durante o congresso em Berlim, Mondlane destacou que a escolha pela via pacífica não foi sinal de fraqueza, mas de maturidade política.
“Queremos mostrar que é possível lutar pela liberdade sem violência. Moçambique precisa de uma mudança que nasça das urnas, e não das armas”, sublinhou.
Repercussões dentro e fora do país
A fala de Mondlane dividiu opiniões. Alguns analistas políticos consideram a declaração um gesto de responsabilidade e compromisso com a paz, num país ainda marcado pelas memórias do conflito armado entre a FRELIMO e a RENAMO.
Outros, no entanto, interpretam o discurso como uma forma de pressão política para chamar a atenção da comunidade internacional para o que a oposição considera “injustiças eleitorais”.
Em Moçambique, setores da sociedade civil elogiaram o posicionamento do líder da ANAMOLA, destacando que a não-violência é um princípio essencial para a consolidação da democracia.
“Num país com histórico de tensões políticas, ouvir um líder da oposição dizer que escolheu a paz é um sinal encorajador”, afirmou um membro de uma organização de monitoria eleitoral.
Desafios e futuro político
Apesar da postura pacífica, Mondlane enfrenta um cenário político complexo. O partido FRELIMO continua no poder há quase cinco décadas, e a oposição luta para conquistar espaço e credibilidade junto ao eleitorado.
Para analistas, o desafio de Mondlane é transformar o discurso de paz em resultados concretos, fortalecendo o diálogo político e apresentando soluções viáveis para os problemas sociais e econômicos do país.
“A paz é uma escolha nobre, mas precisa ser acompanhada de ação política eficaz. Caso contrário, corre o risco de se tornar apenas retórica”, observa o politólogo moçambicano António Zimba.
A declaração de Venâncio Mondlane ressoou além das fronteiras de Moçambique. Num mundo marcado por crises políticas e conflitos, o gesto de um líder que afirma “poderia ter usado a força, mas escolheu a paz” ganha relevância simbólica.
Mais do que um posicionamento partidário, a fala representa uma mensagem de esperança para um país que busca consolidar a democracia sem recorrer à violência.

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