ÚLTIMA HORA: Coronel Michael Randrianirina assume presidência de Madagáscar!

 

Quem é Michael Randrianirina?

• Michael Randrianirina é um oficial militar malgaxe, chefe da unidade de elite CAPSAT.
• Ele foi nomeado governador da região de Androy entre 2016 e 2018, e mais tarde chegou a comandar CAPSAT.
• Em 2023, Randrianirina criticou publicamente o governo de Andry Rajoelina, sendo preso sob acusações de incitar motins ou um golpe militar.
• Ele foi libertado posteriormente, retornou ao seu posto no CAPSAT, e ganhou destaque ao demonstrar apoio aos protestos da juventude como mediador entre manifestantes e forças armadas.

O que aconteceu até assumir o poder

• Durante semanas, Madagáscar foi palco de protestos populares liderados principalmente por jovens (“Gen Z Madagascar”), que exigiam melhor fornecimento de água e eletricidade, reclamavam da infraestrutura deficiente e da corrupção.
• O governo impôs toque de recolher na capital Antananarivo depois de manifestações que se tornaram violentas em algumas ocasiões, com confrontos entre manifestantes, forças de segurança, saques e destruição de propriedades públicas.
• O presidente Andry Rajoelina, diante da pressão crescente, foi acusado de abandonar o país, e o Parlamento votou pela sua destituição (impeachment).

A tomada de poder e o novo governo

• Em 14 de outubro de 2025, a unidade CAPSAT, sob o comando de Randrianirina, declarou que o ex-presidente Rajoelina estava deposto, e que todas as instituições do governo, exceto a Assembleia Nacional, seriam dissolvidas ou suspensas.
• O Tribunal Constitucional Superior formalizou a posse de Randrianirina como presidente interino.
• Ele anunciou que este governo seria transicional, com duração prevista de 18 a 24 meses, antes de novas eleições. Durante esse período, planeja-se realizar reformas, possivelmente inclusive um novo referendo ou nova constituição, e reorganização institucional.

O que não (ainda) é confirmado ou é impreciso

• Não há confirmação segura de que Randrianirina tenha sido preso em 2023 por planejar um golpe de Estado específico, apenas que houve acusações de incitar motins; estas acusações foram controversas.
• Também não há confirmação de que a transição será absolutamente pacífica ou que o apoio internacional será conciliatório. A Organização das Nações Unidas e a União Africana já reagiram criticando o golpe e exigindo retorno ao Estado de direito.

O que isso significa para Madagáscar

Desafios imediatos

1. Estabilidade Política: Uma mudança tão drástica no poder gera incertezas internas (divisões, possíveis resistências) e externas (reconhecimento internacional, sanções).
2. Situação Humanitária e dos Direitos Humanos: As manifestações deixaram vítimas, feridos, e há preocupação com repressão, liberdade de expressão e garantias básicas.
3. Economia Fragilizada: Madagáscar já enfrentava pobreza generalizada, problemas de infraestrutura, baixos índices de desenvolvimento; interrupções no fornecimento de eletricidade e água têm afetado as condições de vida de milhões.

Possibilidades de mudança

• A juventude parece mobilizada e viu em Randrianirina uma figura capaz de canalizar seu descontentamento, pelo menos inicialmente. Se o novo governo cumprir compromissos, pode haver espaço para reformas reais.
• A promessa de eleições após 18-24 meses dá alguma margem para pacificação se for levada a sério.
• A reorganização institucional e possível nova constituição podem oferecer um ponto de partida para redefinir instituições e responsabilidades do Estado.

Riscos

• Que o governo transicional acabe se perpetuando, com retórica de “ordem” ou “necessidade de estabilidade” usada para adiar eleições ou concentrar poder.
• Que a repressão aumente, com vulnerabilidade para ativistas, imprensa, minorias.
• Que a crise econômica e social piore se o governo não conseguir respostas rápidas para necessidades básicas (água, luz, saúde).

A ascensão de Michael Randrianirina representa uma virada dramática na política malgaxe. Embora muitos vejam na sua liderança uma resposta à profunda crise e ao descontentamento popular, o sucesso desse novo regime dependerá em grande parte de transparência, cumprimento de promessas de transição democrática e atenção às demandas urgentes da população.